Receber a Palavra do Senhor nos Dias Atuais (Parte 3)

O FRUTO

 

      Essa é a terceira e última parte. Se você não viu a primeira parte, clique aqui. Se você não viu a segunda parte, clique aqui. Pra darmos continuidade aos assuntos que já foram tratados nos post anteriores, gostaria de relembrar a importância de se ter paciência, diligencia e fé no processo de obtenção e crescimento do nosso testemunho. "Achegar-nos a Cristo não é um evento único com um ponto fixo de início ou fim, mas, sim, um processo que se desenvolve e se aprofunda durante toda a vida. Como passo inicial nesse processo, sem dúvida precisamos obter conhecimento e aprender a respeito de Jesus e Sua vida, ensinamentos e ministério. Mas, para achegar-nos realmente a Ele, também é preciso obediência constante e o empenho de tornarnos semelhantes a Jesus em pensamento, motivação, comunicação e ações." (David A. Bednar, A Liahona, abril de 2006, p. 16).

     O Elder Bruce R. McConkie ensinou: "Nascer de novo é algo gradual, exceto em algumas ocasiões isoladas que são tão milagrosas que foram registradas nas escrituras. No tocante aos membros da Igreja em geral, nascemos de novo aos poucos"(Bruce R. McConkie, “Jesus Christ and Him Crucified”, BYU 1976 Speeches, 1977, p. 5.) Como é bom saber que Deus não espera perfeição imediata. Mesmo assim, Ele espera que possamos estabelecer esse alicerce da perfeição ainda na mortalidade. O presidente Joseph Fielding Smith disse: "Temos por dever ser melhores hoje do que fomos ontem, e amanhã melhores do que hoje."(Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols., 1954–1956, vol. 2, p. 19.)

      No post anterior eu falei sobre o feijão que eu plantei. O resultado final de se plantar um feijão vocês já sabem qual é, mas qual o resultado final da semente que Alma falou para plantarmos no coração? O que vai ter para a nossa colheita? "E assim, se não cultivardes a palavra, esperando com os olhos da fé o seu fruto, nunca podereis colher o fruto da árvore da vida." (Alma 32:40). O solo, a semente, a temporada e o fruto são fases de uma mesma metáfora. Leí não tinha que aprender sobre o solo. A parte mais pobre dos zoramitas também não precisavam aprender sobre o solo, eles precisavam aprender sobre a semente. Leí também não precisava aprender sobre a semente porque ela já havia plantado Cristo em seu coração. Leí aprendeu em visão o que aconteceria com a família dele, Néfi também em visão aprendeu o que aconteceria com o mundo inteiro. Essa visão da árvore da vida é o que vai nos dar mais entendimento sobre o fruto. 

      Quando Leí vê a árvore da vida no versículo 11 de primeiro Néfi 8 e come do fruto, ele diz que "era o mais doce de todos os que já havia provado. E enquanto comia do fruto, ele encheu-me a alma de imensa alegria;". Sabemos que Néfi tinha muita vontade de saber o sonho do pai e entender cada uma das coisas que aconteceram no sonho. Ao rogar ao Senhor por entendimento, Néfi tem uma visão ainda maior que a de seu pai. Ao explicar o que cada parte da visão significava, aprendemos que o fruto da árvore da vida é a vida eterna (1 Néfi 15:36; D&C 14:7). O resultado final de plantar Cristo em nosso coração e nutrir essa semente é nada mais nada menos que o maior de todos os dons de Deus.

      Agora que vamos falar sobre a visão, quero compartilhar alguns de meus pensamentos. Uma coisa que me chama atenção nessa visão é que o edifício é algo que foi feito pelos homens, mas a árvore foi plantada por Deus. O edifício está no ar porque não tem fundamento. Um estrutura que não tenha um fundamento, entra em colapso, desmorona. A escritura diz que o edifício estava no ar. Em Efésios 2: 2  lemos: "Em que dantes andastes segundo o curso deste mundo, o príncipe da autoridade do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência,". O que eu entendo é que satanás tem um outro nome que nunca tinha reparado antes, ele é chamado de príncipe da autoridade do ar. Isso é interessante, pelo menos pra mim, porque a influência dele realmente está no ar. 

      Hoje em dia quase todos tem acesso a uma televisão a cabo. A antena que foi instalada, permite que tenhamos acesso a diversos tipos de conteúdos. Da mesma forma que a antena pode sintonizar programas bons, ela também pode sintonizar programas ruins. Podemos citar também a internet, mas não preciso me estender porque vocês já entenderam como a influência dele está no ar. Essa imagem ilustra exatamente esse ponto que queria chegar. Se o edifício está no ar, podemos concluir que ele podia se mover em qualquer direção que satanás quisesse, ele podia passar bem do lado daqueles que estavam segurando a barra de ferro, poderia ficar bem em frente da arvore da vida ou ficar perto daqueles que já haviam se perdido na névoa de escuridão.

     Algo que também me chama atenção também é o "grande e espaçoso" utilizados pra descrever esse prédio. Se é grande e espaçoso por fora, com certeza é grande e espaçoso por dentro. Na minha opinião, o que o inimigo mais quer é nos distrair daquilo que realmente importa. Eu gosto de imaginar que dentro daquele lugar poderia ter todo tipo de distração porque "grande e espaçoso" ele era. Fico imaginando talvez um boliche aqui, um videogame ali, uma piscina aqui no meio... mas o que as pessoas daquele edifício escolhiam fazer era "vamos todos pra janela e vamos apontar o dedo e rir de todos aqueles que estão lá fora".

"(...) Nós, porém, não lhes demos atenção. Estas são as palavras de meu pai: Todos os que deram atenção a eles se haviam perdido." (1 Néfi 8:33-34)

"Em muitos aspectos, como discípulos de Cristo, somos diferentes do mundo. Há momentos em que nos sentimos incomodados com a atitude de escárnio e desprezo por coisas que nos são sagradas. O Presidente Thomas S. Monson advertiu-nos: “A menos que as raízes de seu testemunho estejam firmemente plantadas, será difícil para vocês suportarem o escárnio das pessoas que desafiam sua fé”. Néfi disse: “Não lhes demos atenção”. Paulo admoestou: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor (…). Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor” Nunca O deixaremos." (Neil L. Andersen CG, Out 2010)

      Quando Cristo ensinou sobre os 4 tipos de solo, Ele disse que o mundo inteiro seria um daqueles 4 tipos. Esses 4 solos se encaixam perfeitamente nesse sonho. Algumas pessoas estão em bom solo, vão direto para a árvore, partilham do fruto e nunca se afastam. Outros vão até a arvore, partilham do fruto e por causa dos cuidados do mundo, se afastam. Outros, por causa da névoa, se soltavam da barra de ferro na esperança de encontrar algo melhor na escuridão. O último grupo caminhava diretamente ao grande e espaçoso edifício (1 Néfi 8:30-34). O que precisamos refletir com essa visão de Leí é: onde eu estou e onde eu quero chegar.
      Voltando a falar de Alma, por que ele queria servir uma missão? Em Alma 36:24 diz: "Sim, e desde aquela ocasião até agora tenho trabalhado sem cessar para conseguir trazer almas ao arrependimento; para fazer com que elas experimentem a intensa alegria que eu experimentei; para que também nasçam de Deus e encham-se do Espírito Santo." Ele usa a palavra "experimentar" ao invés de "sentir", ele ainda estava pensando na semente e no fruto. Ele queria servir missão para que todos pudessem provar do fruto que Deus preparou para os fiéis.
      Quero mencionar Efésios mais uma vez porque acredito que essas fases que falamos: o solo, a semente, a temporada e o fruto estão nesses versículos:

"Para que Cristo (a semente) habite pela fé no vosso coração (o solo); para que, estando arraigados e fundados em amor,
Possais perfeitamente compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, (a temporada)
E conhecer o amor de Cristo (o fruto), que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus." (Efésios 3:17-19)

       Por que algumas pessoas tem o testemunho mais forte que as outras? "E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará." (2 Corintios 9:6)

• "E novamente ele diz: Se meu povo semear imundície, colherá o vento oriental, que traz destruição imediata." (Mosias 7:31)
• "Não tenhais receio de praticar o bem, meus filhos, pois o que semeardes, isso colhereis; portanto, se semeardes o bem, colhereis o bem como vossa recompensa." (D&C 6:33)

BUTCHART GARDENS, BRITISH COLUMBIA

      Queria que você admirasse um pouco uma foto desse jardim mundialmente conhecido que se localiza no Canadá, o Butchart Gardens. Repare nas cores, nas formas, nos arredores, nos tamanhos... Uma coisa que eu não consegui enxergar nessa imagem, e que provavelmente não exista, é a presença de qualquer tipo de erva daninha. Imagino o quanto esse jardim deve ser cuidado diariamente. Vamos supor por um momento que uma criança, segurando um dente de leão, se posiciona no meio desse jardim, pronto para soprá-lo a qualquer instante. Um segurança, vendo ela se preparando para esse ato mortal, corre em direção a criança para impedir que ela sopre e espalhe as sementes dessa erva daninha por todo o jardim. Eu imagino que qualquer segurança desse lugar empregaria todo esforço que pudesse para impedir que o jardim se corrompesse. Não é o mesmo conosco?
      Quão duro você trabalharia para defender seu espírito? O que você faria se visse qualquer erva daninha podendo ganhar espaço no seu coração? Eu gosto de olhar para esse jardim e pensar nele como se fossem testemunhos. Nenhum testemunho é igual, cada testemunho tem diferentes formas, tamanhos, são coloridos e é isso que traz a beleza. Você talvez já ouviu um testemunho que te tocou e desejou saber da mesma coisa que aquela pessoa acabou de testificar. Já ouvi testemunhos de pessoas que sonharam com o Livro de Mórmon e aceitaram o evangelho anos depois; testemunhos de pessoas que tiveram ajuda de seres celestiais no decorrer da vida, e isso é incrível. Quero deixar algo claro: não é porque não sonhei ou porque não fui ministrado por um anjo que meu testemunho não possa ser tão bonito ou tão poderoso como o dessas pessoas quem já ouvimos histórias. Lembre-se, é isso que traz a beleza: o fato nenhum testemunho ser igual é o que torna cada um especial.
      Eu penso que Deus é interessado em jardins. O elder Bruce R. McConkie escreveu sobre os 3 jardins de Deus:

• O Jardim do Éden. (A Queda)
• O Jardim do Getsêmane. (com sua continuação no Gólgota, Cristo tomou sobre si os pecado da humanidade)
• O Jardim do Sepulcro vazio. (A Ressurreição)

"No Éden, veremos todas as coisas criadas em estado paradisíaco — sem morte, sem procriação, sem experiências probatórias.
Compreenderemos que essa criação, hoje desconhecida para o homem, era a única maneira de possibilitar a Queda.
Então veremos Adão e Eva, o primeiro homem e a primeira mulher, descerem de sua condição de glória imortal e paradisíaca para tornarem-se os primeiros humanos mortais da Terra.
A mortalidade, que inclui a procriação e a morte, entrará no mundo. E por causa da transgressão, começará um estado probatório de tribulações e testes.
Então no Getsêmani veremos o Filho de Deus resgatar o homem da morte temporal e espiritual que nos sobrevieram em virtude da Queda.
E, por fim, diante do sepulcro vazio, constataremos que Cristo nosso Senhor rompeu as correntes da morte e Se ergueu para sempre triunfante sobre a sepultura.
Assim, a Criação é a origem da Queda, pela Queda veio a mortalidade e a morte, e por Cristo veio a imortalidade e a vida eterna.
Se não tivesse havido a Queda de Adão, por meio da qual advém a morte, não poderia haver a Expiação de Cristo, por meio da qual vem a vida." 

(O Poder Purificador do Getsêmane, Liahona, Abril 2011)

      As coisas mais importantes que já aconteceram no mundo não aconteceram em parlamentos ou em guerras, elas aconteceram em jardins. Se você quer fazer com que seu testemunho cresça, não precisa de nada além de uma Bíblia, Livro de Mórmon, oração e paciência. Ao colocar em prática tudo que estudamos, um testemunho vai crescer! Se plantarmos Cristo em nosso coração, o fruto que crescer brotará para a vida eterna. Poderemos experimentar a mesma alegria que Leí experimentou ao provar do fruto na árvore da vida.
      Para receber a palavra do Senhor nos dias de hoje é preciso limpar nosso coração, plantar sementes de retidão, nutri-las com paciência, diligência e fé, e colher o seu fruto. Ao fazermos isso, a revelação fluirá em nosso ser, as palavras dos profetas passarão a ser recebidas como nosso amado profeta ensinou: "Minha filosofia é não colocar um ponto de interrogação nos pronunciamentos do profeta, mas, sim, substituí-lo por um ponto de exclamação.", e estaremos envoltos pela "caridade, que é o vínculo da perfeição" (Colossenses 3:14).

Receber a Palavra do Senhor nos Dias Atuais (Parte 2)

A SEMENTE

    Essa é a segunda parte. Se você não viu a primeira, clique aqui para ler a primeira parte desse capitulo. Para darmos continuidade ao assunto, quero dar algum contexto primeiro. Quando Alma chega a cidade, ele se depara com o povo adorando a Deus em suas sinagogas dessa maneira:

"Santo, Santo Deus; cremos que és Deus e cremos que és santo; e que eras um espírito e que és um espírito e que serás um espírito para sempre.
Santo Deus, cremos que nos separaste de nossos irmãos; e não cremos nas tradições de nossos irmãos que lhes foram transmitidas pela infantilidade de seus pais; mas cremos que tu nos elegeste para sermos teus santos filhos; e também nos fizeste saber que nenhum Cristo haverá.
Mas tu és o mesmo ontem, hoje e para sempre; e elegeste-nos para sermos salvos, enquanto que todos ao nosso redor foram escolhidos para serem, pela tua ira, lançados no inferno; por essa santidade, ó Deus, agradecemos-te; e também te rendemos graças por nos haveres elegido, a fim de que não sejamos
desencaminhados pelas tolas tradições de nossos irmãos que os forçam a crer em Cristo, afastando-lhes o coração para longe de ti, Deus nosso!
E novamente te rendemos graças, ó Deus, por sermos um povo eleito e santo. Amém." (Alma 31: 15-18)

    As orações proferidas no Rameumptom, deixaram os missionários "extremamente admirados". Infelizmente, essa era a atual situação desse povo: "eram um povo iníquo e perverso; sim, tinham o coração posto no ouro e na prata e em toda espécie de objetos finos"(Alma 31:24). Mas nem todos eram dessa forma. Quando Alma encontra um grupo de zoramitas que havia sido expulso de seus lugares de adoração, ele encontra algo de diferente neles e exclama: "Vejo que sois humildes de coração; e, se assim é, benditos sois."(Alma 32:8) Ele via aquele grupo com "grande alegria pois viu que suas aflições verdadeiramente os haviam tornado humildes e que estavam preparados para ouvir a palavra."(vers. 6)
    O Élder Henry B. Eyring disse: "Assim como o solo precisa de preparação para uma semente, o coração humano também precisa, para que a palavra de Deus crie raízes. Antes de pedir às pessoas que plantassem as sementes, Alma lhes disse que seus corações estavam preparados. Eles foram perseguidos e expulsos de suas igrejas. As circunstâncias de suas vidas que os levaram a ser humildes os haviam preparado. Eles estavam prontos para ouvir a palavra de Deus. Se eles decidissem plantá-la em seus corações, o crescimento de suas almas certamente se seguiria, e isso aumentaria sua fé." (To Draw Closer to God, 186)

COMO SABER SE A SEMENTE É BOA?

• "Portanto, se uma semente cresce, é boa; mas se não cresce, eis que não é boa; portanto, é lançada fora."

    No versículo 28 do capítulo 32, lemos que "ela começa a inchar em vosso peito;", "começa a dilatar [sua] alma;", "começa a iluminar o entendimento;" e "começa a ser deliciosa"

QUAL ERA A SEMENTE, OU A PALAVRA, QUE SERIA PLANTADA? 

• "Começai a acreditar no Filho de Deus, que ele virá para remir seu povo e que ele sofrerá e morrerá para expiar os pecados deles; e que ele se levantará dos mortos, proporcionando-nos a ressurreição; que todos os homens comparecerão diante dele, a fim de serem julgados no último dia, o dia do juízo final, segundo suas obras.
  E agora, meus irmãos, desejo que planteis esta palavra em vosso coração; e quando ela começar a inchar, cultivai-a com vossa fé. E eis que se tornará em árvore, crescendo em vós para a vida eterna. E permita Deus que vossas cargas sejam leves pela alegria em seu Filho. E tudo isso podereis fazer, se assim o quiserdes. Amém." (Alma 33: 22-23)

    Então, o que é a semente? A semente é Cristo e Sua missão. Ele veio para remir, sofrer, morrer, ressuscitar e julgar. O que nos falta é plantar essa semente em nosso coração. Era disso que as pessoas que estavam no Rameumptom precisavam, e é isso que eu e você precisamos. Agora que sabemos o tipo de solo e o tipo de semente que será plantada, vamos falar sobre a estação. Para que tenhamos uma colheita, é preciso que a semente cresça e dê frutos; é preciso que ela crie raízes e se alimente. A melhor parte é que Alma continua sendo nosso professor enquanto estivermos falando sobre esse período, ou temporada, que antecede a colheita.

COMO CRIAR RAIZ?

"Tratemos dela com muito cuidado, para que crie raiz, para que cresça e dê frutos." 

Para tratar da semente com cuidado, o presidente Gordon B. Hinckley salientou: "Todos esses conversos precisam de três coisas: fazer um amigo, ter uma responsabilidade e ser nutridos pela boa palavra de Deus." (CG, Abril 1997)

"Nos nutrimos espiritualmente ao partilhar o sacramento semanalmente, lendo as escrituras diariamente, orando sozinhos e em família diariamente e fazendo trabalho do templo regularmente. Nossas forças espirituais são como baterias; precisam ser carregadas e frequentemente recarregadas." (Joseph B. Wirthlin, CG, Out 1994, tradução livre) 

"Mas se negligenciardes, eis que não criará raiz; e quando chegar o calor do sol e a abrasar, secará por falta de raiz; e arrancá-la-eis e lançareis fora." (Alma 32: 37-38)

E SE NÃO TIVER RAIZ, DE QUEM É A CULPA?
    Entendemos que leva tempo para cultivar uma semente ao ponto dela criar raízes profundas. O Élder Wirthlin deixou claro que não é o trabalho de um dia, mas um trabalho diário, um esforço consistente em estudar as escrituras, orar, buscar revelação e etc. O presidente Thomas S. Monson ainda amplia nossa visão quando diz que "A menos que as raízes de seu testemunho estejam firmemente plantadas, será difícil para suportar o escárnio das pessoas que desafiam sua fé. Se estiver firmemente plantado o seu testemunho do evangelho, do Salvador e de nosso Pai Celestial, ele vai influenciar tudo o que fizerem na vida." (“Tenham Coragem”, A Liahona, maio de 2009, p. 123.). Quando essa temporada de criar raiz acaba e nos encontramos sem raiz ou com raízes "rasas", significa que algo deu errado no meio do caminho. Alma explica exatamente o que aconteceu:

"Ora, isso não é porque a semente não seja boa nem porque o seu fruto seja indesejável, mas porque vosso terreno é estéril e não cuidais da árvore; não podeis, portanto, obter seu fruto."(Alma 32: 39) 

O QUE MAIS PODEMOS APRENDER SOBRE ESSE JARDIM QUE ESTAMOS CULTIVANDO?
Vamos ver o que já fizemos:

• Aplainamos o terreno onde vai ser o jardim.
• Limpamos o solo (ervas daninhas).
• Aramos a terra.
• Plantamos sementes.     

    Aprendemos que:

1. Se queremos que coisas boas cresçam em nossas vidas, precisamos plantá-las. Seria uma maravilha se, depois de arar a terra, crescessem tomates, maças, laranjas... tudo espontaneamente. Mas não é assim que funciona.
2. Ervas daninhas, em contra partida, crescerão "do nada". Para que um dente-de-leão cresça, basta que o vento sopre uma de suas sementes até seu jardim. Ervas daninhas se alimentam da mesma água e dos mesmos nutrientes das nossas plantas, prejudicando o crescimento das mesmas.

• Alguém deliberadamente plantaria ervas daninhas em seu próprio jardim? 

    Se analisarmos do ponto de vista espiritual, sim! A Biblioteca Nacional, situada no Rio de Janeiro, é a maior biblioteca do Brasil, com cerca de 9.000.000 de itens. 

Por que estou contando isso?

Se uma pessoa lesse 1 livro por semana pelos próximo 70 anos, ela conseguiria ler aproximadamente 3600 livros. O que isso nos diz? Será que há tempo a perder lendo coisas irrelevantes? Ou tempo a perder assistindo a programas de TV ruins? Ou visitando sites inadequados?
Por que plantaríamos ervas daninhas em nosso jardim espiritual quando temos tantas coisas boas pra absorver e que, em vida, nunca haverá tempo suficiente para tê-las em sua totalidade?
Simplesmente não há tempo para ervas daninhas!

      3. Tudo que temos de fazer para perder nosso jardim (ou nosso testemunho) é nada. Ao olhar para a imagem ao lado, vemos que basta um sopro para que o terreno tratado fique contaminado com as sementes do dente de leão. A pergunta que podemos nos fazer é se vale a pena manter nosso jardim sempre tratado mesmo com essas ameaças ao nosso redor. E, se vale a pena, de quanto em quanto tempo deve ser tratado nosso jardim? Será que um dia na semana já seria o suficiente para mantê-lo longe do perigo ou será que precisamos de um esforço diário?

      4. A vida vai ser uma constante guerra contra as ervas daninhas. Leia um trecho desse poema que se chama "When I Put on My Worn-out Tweeds":

"Não faz diferença para onde você vai
Não há lugar onde as ervas daninhas não possam crescer;
Algumas pessoas continuam a capinar, outras não,
Algumas pessoas têm jardins, outras não." (Best Loved Poems of the LDS People, 305, tradução livre)¹

    O presidente Brigham Young ensinou: "Os homens e mulheres, que desejam obter assentos no reino celestial, descobrirão que devem lutar com o inimigo de toda justiça todos os dias. Assim, todo santo proteja e guarde seu pequeno [jardim] contra todos os esforços do inimigo para atacar e garantir uma posição nele. Vamos providenciar para que estejamos prontos para o inimigo, para confundi-lo a todo momento, lutando bravamente contra ele até que ele seja repelido com sucesso." (Journal of Discourses, 11:15, tradução livre, texto adaptado)

    Como já falamos sobre o solo, semente e raízes, vamos falar mais um pouco sobre o jardim. Você já plantou algo alguma vez em sua vida? Quando eu era mais novo, minha família morava em uma casa que tinha um jardim. Algumas vezes eu ficava encarregado de regar o jardim e achava muito chato fazer isso quase todo dia. Até que um dia, plantamos uma semente de tomate na parte de trás da casa. Ao lado da semente de tomate, plantei minha semente de feijão. Desse dia em diante, foi diferente regar o jardim, porque dessa vez era a minha planta que estava sendo regada. Eu conferia ela todo o dia e ficava feliz cada vez que a planta crescia um pouquinho.
    Você consegue entender? Quando cultivamos nosso próprio testemunho e o vemos crescer, é contagiante, é maravilhoso, ficamos empolgados com o resultado e não nos cansamos de vê-lo crescer. Na agricultura básica existem vários elementos que fazem parte do crescimento da planta. Quero citar 3 deles:

• PHOSPHORUS: Ele promove a formação inicial e o desenvolvimento da raiz, o crescimento da planta; acelera a cobertura do solo para a proteção contra a erosão; afeta a qualidade das frutas, dos vegetais e dos grãos, e é vital para a formação da semente.
• DIAZINON: é o nome comum de um inseticida organofosforado usado para controlar insetos no solo, nas plantas ornamentais e nas culturas de frutas e legumes.
• FERTILIZANTES: São compostos químicos utilizados na agricultura convencional para aumentar a quantidade de nutrientes do solo.

    Para que uma planta agrícola cresça com eficiência, esses 3 itens (Phosphorus, Diazinon e Fertilizantes = "PDF") são indispensáveis. Para que um testemunho cresça, 3 coisas também são indispensáveis. Alma segue nos explicando o que vai ser esse nosso PDF:

"Se, porém, cultivardes a palavra, sim, cultivardes a árvore quando ela começar a crescer, com vossa fé, com grande esforço e com paciência, esperando o fruto, ela criará raiz; e eis que será uma árvore que brotará para a vida eterna.
E por causa de vosso esforço e de vossa fé e de vossa paciência em cultivar a palavra para que crie raiz em vós, eis que pouco a pouco colhereis o seu fruto, que é sumamente precioso, que é mais doce que tudo que é doce, que é mais branco que tudo que é branco, sim, e mais puro que tudo que é puro; e banquetear-vos-eis com esse fruto, até vos fartardes, de modo que não tereis fome nem tereis sede."
Então, meus irmãos, colhereis a recompensa de vossa fé e de vossa diligência e paciência e longanimidade, esperando que a árvore vos dê fruto." (Alma 32: 40-43)

Paciência, Diligencia e Fé. Além de exercermos fé e trabalharmos com diligencia, ainda precisamos de paciência. Acho interessante que o Salvador e Alma não usaram outro exemplo para descrever o crescimento de um testemunho. Eles não usaram a parábola do raio, a parábola do terremoto ou a parábola da luz. Todas essas coisas que citei, têm sua velocidade de propagação nessas medidas:
Descarga elétrica: 100 km/s
Terremoto: de 6 a 8 km/s
Luz: aproximadamente 300.000 km/s
Eles compararam o nosso testemunho a uma semente, que cresce de forma devagar e em seu próprio tempo. Não podemos plantar a semente hoje, regar ela com 135 mil litros de água e colher seu fruto no dia seguinte. Precisamos ter paciência, fé e diligencia.

No próximo (e último) post dessa série, vou tratar sobre o fruto dessa semente que plantamos e a colheita.

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[¹]. Poema em inglês:

"When I put on my worn-out tweeds
And with my hands pull garden weeds,
The likeness always come to mind,
'Tween weeds and sins of humankind.

"For weeds will grow up anywhere
In-ground that's either foul or fair,
And when you pull them you're not through; 
They'll grow right up again for you.

"Some weeds have roots so great in length
That pulling them is a test of strength,
And they should be removed with care
Or they'll kill good plants anywhere.

"It makes no difference where you go
There's no place that the weeds can't grow; 
Some folks keep weeding, others won't,
Some folks have gardens, others don't.

"So weeds and sin are quite the same
In growth and action, not in name;
But different is their origin:
God makes the weeds, we make the sin."

Receber a Palavra do Senhor nos Dias Atuais (Parte 1)

"O SOLO"

    Quero aproveitar esse momento para escrever um pouco sobre como podemos receber a palavra do Senhor em nossos corações e o que as escrituras nos ensinam sobre isso. Antes de dar início a esse estudo ao qual me referi como "o solo" no título, desejo falar um pouco sobre a guerra que ocorreu no céu, ou melhor, sobre a guerra que teve inicio no céu e continua até hoje. Vou usar P para perguntas e R para respostas. Acho que vai ficar mais fácil de entender dessa maneira:

• P: Qual a pior coisa que pode te acontecer em uma guerra?
• R: Você morrer, certo? (Morte física, o espirito continua a viver)
• P: Qual a pior coisa que se pode acontecer em uma guerra de espíritos?
• R: Morte espiritual. (Ser separado de Deus)
• P: Quais eram nossas armas nessa guerra espiritual?
• R: Sabemos que a única arma que vence tanto a morte física quanto a espiritual é o "sangue do Cordeiro", ou a expiação de Cristo. Bom, nossa arma é encontrada no livro de Apocalipse, capítulo 12, versículo 11:

"E eles o venceram [Satanás] pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho;"

    Se lutamos pela palavra de nosso testemunho, isso se torna crítico: precisamos ganhar um testemunho porque a única forma de se vencer aqui, é da mesma forma como vencemos lá! Sei que usei o termo "ganhar um testemunho", mas creio que o termo mais adequado seja "crescer um testemunho". Vamos imaginar por um momento que estamos começando a trabalhar no nosso próprio jardim. Decidimos ir numa casa de jardinagem e falamos pro atendente que queremos começar a mexer nesse nosso jardim. Talvez a primeira pergunta que ele nos faça é: "que tipo de solo você tem?" e se eu e você quisermos fazer crescer um testemunho, deveríamos nos fazer a mesma pergunta.

    Ao abrir em Mateus 13, encontramos a parábola do semeador. Ao começar pelo versículo 3, lemos:

"Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas, vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um grão produziu cem, outro sessenta e outro trinta."

"E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;".
    Esse primeiro solo foi pisoteado, compactado e endurecido, não por anos, mas por gerações. Não é de se surpreender que, no momento em que o semeador jogasse as sementes no caminho, os pássaros pudessem ver ou até mesmo escutar essas sementes caindo no chão duro, e, ao irem ao encontro delas, as devorassem. Então o Salvador diz no versículo 19: "Ouvindo alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e arrebata o que foi semeado no seu coração; este é o que foi semeado ao pé do caminho;". Quando tentamos fazer com que um testemunho cresça em nós, o Salvador disse que o inimigo estará a espreita para tentar arrancar-lo a qualquer custo. Foi dito a Joseph Smith que "Satanás pensa anular teu testemunho"(D&C 10:33).
    Nas escrituras, encontramos alguém cujo coração foi endurecido por muitos anos (Alma, o filho). O que o Senhor fez para preparar o solo do coração dele? Lemos em Alma 36:12, 17:

"Mas fui torturado com eterno tormento, porque minha alma estava atribulada no mais alto grau e atormentada por todos os meus pecados.
E aconteceu que enquanto eu estava sendo assim atormentado e enquanto eu estava perturbado pela lembrança de tantos pecados, eis que me lembrei também de ter ouvido meu pai profetizar ao povo sobre a vinda de um Jesus Cristo, um Filho de Deus, para expiar os pecados do mundo."

    A palavra "atribulada" no inglês é harrowed up. Se buscarmos "harrow" no google tradutor, encontraremos o substantivo "grade". Pra quem acha que estou me referindo a "uma série de barras verticais paralelas espaçadas destinada a fechar ou resguardar um lugar" se enganou. Grade (na agricultura) é uma "estrutura constituída por traves de madeira ou ferro terminadas em pontas de ferro, para aplanar ou cobrir sementes de terreno já cultivado."

Harrow ou Grade

Imagine uma noite familiar prática a qual será demonstrado o real significado dessa palavra. Você se voluntaria para esse experimento. Então você se deita sobre o jardim enquanto alguém passa com a grade por cima de você. Se tudo der certo, você vai ter umas marcas pelo resto da vida. Não é engraçado? O Senhor teve que preparar o solo do coração de Alma dessa forma, para que pudesse ser plantada uma nova semente. Embora tenha sido uma experiência interessante, esse não é o tipo de solo que estamos procurando. "Então, se nosso coração se endurecer, sim, se endurecermos o coração contra a palavra, a tal ponto que em nós ela não seja encontrada, então nossa condição será terrível; porque então seremos condenados."(Alma 12:13). A condição final desse solo é condenação!


"E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;"
    Nesse segundo tipo de solo, encontramos um pouco de terra boa, já que ela chega a brotar, mas não há terra boa o suficiente para que a raiz fique profundamente enraizada. O Salvador ensina: "Porém o que foi semeado em pedregais é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria; Mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e chegada a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se ofende;"


"E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na."
    Esse tipo de solo tem vegetação. Então, de um jeito ou de outro, tem que ser bom já que temos outras coisas crescendo nele. Mas esse é o problema: tem coisas demais crescendo ali! O Senhor faz esse comentário no versículo 22: "E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera;" Gosto desse comentário porque fica claro o que são as ervas daninhas. Se vamos fazer crescer nosso testemunho, temos que ter em mente que elas estarão em nosso jardim.
    A seção 40 de Doutrina e Convênios é uma seção inteiramente dedicada a James Covel. O Senhor revelou:

"Eis que em verdade vos digo que o coração de meu servo James Covel era reto diante de mim, pois fizera comigo convênio de que obedeceria à minha palavra.
E ele recebeu a palavra com alegria, mas imediatamente Satanás o tentou; e o temor da perseguição e os cuidados do mundo fizeram-no rejeitar a palavra.
Portanto, quebrou meu convênio e cabe a mim fazer com ele o que me parecer melhor. Amém."

Aqui estão algumas ervas daninhas espirituais que costumamos encontrar:

• "Cuidados do mundo"
• "Sedução das riquezas"
• "Ambições de outras coisas"(Marcos 4:19)
• Dúvidas e Medos

    No Velho Testamento encontramos 613 mandamentos. Os doutores da lei, que contaram os mandamentos, costumavam debater sobre qual dentre esses seria o maior na lei. Então, quando Cristo está em seu ministério, esse debate acontece:

"Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
E Jesus disse-lhe: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
Este é o primeiro e grande mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas."

Toda a lei = primeiros 5 livros do Velho Testamento.
Os profetas = todos os outros livros do VT.
Em Deuteronômio 22:9 encontramos um mandamento muito interessante:

"Não semearás a tua vinha com diferentes espécies de semente, para que não se corrompa o fruto da semente que semeares, e o produto da vinha."

Por que plantaríamos boas e más sementes em um mesmo jardim? Aqui temos um exemplo de uma plantação de trigo e, junto a ela, uma planta chamada "bons-dias", conhecida por ser uma trepadeira. Se você regar no exato lugar onde as duas cresceram juntas, qual delas fica com a água? Ambas vão brigar por água e nutrientes no solo, e, quando vier a colheita, você talvez não tenha o tanto de trigo produzido que esperava. O Elder Bruce R. McConkie disse:

"Se a semente cai entre os espinhos, está em um bom solo, como é evidenciado pelo crescimentos de plantas indesejadas. Mas a boa planta logo é sufocada e morre porque não pode superar a influência das ervas daninhas e dos cardos. (...) E ao invés de ganharem a vida eterna, serão queimados juntamente o joio que os venceu." (Tradução livre, Doctrinal New Testament Commentary, 1: 289.)

"E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um grão produziu cem, outro sessenta e outro trinta."
    Cristo ensina o seguinte a respeito disso: "Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve e compreende a palavra; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta."
O Elder Neal A. Maxwell disse:

"As pessoas que estão fundamentadas no Senhor e em Seu evangelho têm um sistema profundo e extenso de raízes. Tendo aplicado os vários princípios e verdades do evangelho, eles têm, por sua vez, fé específica desses princípios e experiência com cada um deles. Sua fé não é um sentimento generalizado, mas reflete uma experiência específica com princípios entrelaçados. Quando alguém está tão ancorado, pode evitar as formas mais comuns e fatais de cair, que Jesus descreveu como tentação, perseguição, tribulação e os cuidados, riquezas e prazeres desta vida." (We Will Prove Them Herewith, 17-18.)

    Ao dar continuidade a esse assunto, lembro-me de Alma, quando chefiava uma missão para ajudar os zoramitas dissidentes a voltarem para o caminho da fé. Chegando na cidade, encontra um grupo de pessoas adorando nas sinagogas. Se recordarmos bem, um grupo específico encontrado por Alma foi privado de sua adoração nessas sinagogas, "sendo considerados como imundície porque eram pobres."(Alma 32:3). Um homem influente entre eles diz: "Que deverão fazer estes meus irmãos, pois são desprezados por todos devido a sua pobreza; sim, (...) não temos um lugar onde adorar nosso Deus; que devemos fazer?"(vers. 5).
Alma não começa seu discurso com "Eis que o semeador saiu a semear.". Ele já identificou o tipo de solo que eles tinham. Ao invés de ensinar sobre que tipo de solo deveriam ter, ele começa a ensinar sobre a segunda parte: a semente.
Publicarei mais adiante essa segunda parte.

"Dar-vos-ei uma chave que nunca enferrujará"

“Dar-vos-ei uma chave que nunca enferrujará; se permanecerdes com a maioria dos Doze Apóstolos e os registros da Igreja, nunca sereis desencaminhados.” (Joseph Smith)

    Segundo o guia para estudo das escrituras, autoridade é a "permissão concedida a homens na terra, chamados ou ordenados para agir por Deus, o Pai, e em nome dele ou de Jesus Cristo, ao realizarem a obra de Deus." Para se ter tal autoridade "cremos que um homem deve ser chamado por Deus, por profecia, e pela imposição de mãos, por quem possua autoridade, para pregar o Evangelho e administrar as suas ordenanças." (Regras de Fé 1:5). Vamos atentar para essas afirmações:

1. "Um homem deve ser chamado por Deus". "E disse-me: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel" (Ez 2:3). "bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. E ele disse: Eis-me aqui (...) Vem agora, pois, e eu te enviarei" (Ex 2:4, 10)
2. "Pela imposição de mãos, por quem possua autoridade". "E ninguém toma para si essa honra, senão o que é chamado por Deus, como Aarão." (Heb. 5:4). Para uma melhor explicação de como foi Aarão chamado e ordenado a essa autoridade temos que olhar para um mandamento que havia sido dado antes de Aarão ser ordenado ao Sacerdócio. O Senhor disse a Moisés: "E os ungirás como ungiste seu pai, para que me sirvam como sacerdotes, e a sua unção lhes será por sacerdócio eterno nas suas gerações." (Ex 40:15). No livro de Levítico, encontramos tal declaração: "Depois derramou do azeite da unção sobre a cabeça de Aarão, e ungiu-o" (Lv 8:12). Aprendemos mais tarde no livro de Números que Moisés ordenou Josué ao Sacerdócio maior pela imposição de mãos: "E fez Moisés como o Senhor lhe ordenara; porque tomou Josué, e apresentou-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação; E sobre ele pôs as suas mãos, e lhe deu mandamentos, como o Senhor ordenara pela mão de Moisés." (Nm 27:22-23)
3. "Para pregar o Evangelho". Essa é a razão pela qual o Senhor dá a autoridade de Seu Sacerdócio ao homem. Olhemos para o livro de Atos para buscar mais evidencias sobre esse assunto: "Então, jejuando e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram. Estes então, enviados pelo Espírito Santo, desceram (...) E tendo chegado, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus" (At 13:3-5) "Alma impôs as mãos sobre todos os que estavam com ele. E eis que, ao impor-lhes as mãos, encheram-se do Santo Espírito. Depois disso separaram-se uns dos outros, (...) E então aconteceu que os filhos de Alma andaram entre o povo para proclamar-lhes a palavra." (Al 31:36, 37; Al 43:1)
4. "Administrar as suas ordenanças". O Senhor prepara meios e servos autorizados para realizarem essas ordenanças. Como o intuito deste artigo não é de se classificar as ordenanças, seguiremos com a ideia de ordem. Administrar as ordenanças do batismos: "E Néfi levantou-se e, adiantando-se, inclinou-se perante o Senhor e beijou-lhe os pés. E o Senhor ordenou-lhe que se levantasse. E ele levantou-se e pôs-se diante dele. E disse-lhe o Senhor: Dou-te poder para batizar este povo, quando eu tiver novamente subido ao céu." (3 Né 11:19-21). Administrar bençãos de cura: "E chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e curarem toda enfermidade e todo mal. (...) De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camas para que a sombra de Pedro, quando passasse, cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas afluía a multidão a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados." (Mt 10:1; At 5:15-16)

    Com a Restauração do Evangelho, Deus mais uma vez autorizou um homem a pregar o Evangelho e administrar as ordenanças de salvação e exaltação. Como isso aconteceu? "O Sacerdócio é eterno. O Salvador, Moisés e Elias entregaram as chaves a Pedro, Tiago e João no monte, quando da transfiguração." (Joseph Smith) Pedro, Tiago e João conferiram as chaves do reino de Deus ao Profeta Joseph e ordenaram-no Apóstolo. As chaves da coligação de Israel, da dispensação de Abraão e as chaves do poder selador foram conferidas ao Profeta por Moisés, Elias e Elias, o profeta, em 1836. Algum tempo depois, Joseph se sentiu tocado a passar essas chaves adiante, o Presidente Joseph Fielding Smith declarou: “O Profeta declarou que não sabia por que, mas o Senhor ordenara-lhe investir os Doze dessas chaves e sacerdócio e depois de tê-lo feito, regozijou-se muito, dizendo em essência: ‘Agora, se me matarem, tendes todas as chaves e todas as ordenanças e podeis conferi-las a outros, e os poderes de Satanás não serão capazes de derrubar o reino tão depressa quanto sereis capazes de edificá-lo; sobre vossos ombros pesará a responsabilidade de guiar este povo.’"

    Com a morte do profeta, muito se falava sobre essas chaves. Os membros da Igreja não sabiam que Joseph, antes de morrer, havia conferido as chaves dessa dispensação ao Quórum dos Doze. O presidente desse quórum era Brigham Young e ele estava retornando de uma de suas viagens missionárias no momento em que Sidney Rigdon, que era um dos Conselheiros de Joseph Smith, desafiou Brigham Young e os Apóstolos. Brigham Young falou aos santos reunidos: “Se o povo quer que o Presidente Rigdon os conduza, podem ficar com ele; mas digo-vos que o Quórum dos Doze tem as chaves do reino de Deus em todo o mundo.” Ele continuou: “Sei onde estão as chaves do reino e onde estarão eternamente. Não podeis escolher um homem para ser profeta; não podeis colocar Élder Rigdon acima dos Doze; para tal, é preciso que seja ordenado por eles.”(History of the Church (História da Igreja), 7:233.) Mais tarde, Brigham passa a ser o presidente da Igreja e leva adiante o trabalho do reino de Deus na terra. 

    Quanto tempo o Senhor permitirá que a autoridade Dele permaneça na terra? O Presidente Wilford Woodruff declarou: "Quando o Senhor concedeu as chaves do reino de Deus, as chaves do Sacerdócio de Melquisedeque, do apostolado, e selou-as sobre a cabeça de Joseph Smith, Ele selou-as sobre sua cabeça para que ficassem na Terra até a vinda do Filho do Homem. (...) Estiveram com ele até o dia de sua morte. A seguir, passaram para a cabeça de outro homem. (...) Ele portou-as até a hora de sua morte. Em seqüência, ou devido à providência de Deus, passaram a Wilford Woodruff. Digo aos santos dos últimos dias que as chaves do reino de Deus estão aqui e vão permanecer aqui até o dia da vinda do Filho do Homem. Que toda Israel compreenda isto. Elas podem permanecer sobre minha cabeça durante pouco tempo, mas a seguir passarão para a cabeça de outro apóstolo, e outro após ele, continuando assim até a vinda do Senhor Jesus Cristo nas nuvens do céu, quando os homens serão julgados de acordo com as obras feitas no corpo mortal." (Millennial Star, 2 de setembro de 1889, p. 547.)

    O Pres. James E. Faust ensinou a importancia e necessidade das chaves, ele disse: "Elas possuem “a bênção de comunicação com os céus, o privilégio e autoridade de administrar nas ordenanças do evangelho de Jesus Cristo, de pregar o evangelho de Jesus Cristo que é o evangelho de arrependimento e do batismo por imersão para a remissão dos pecados.” As chaves da ministração dos anjos são o direito do Sacerdócio Aarônico. O Sacerdócio maior, ou de Melquisedeque, “possui a chave dos mistérios do reino, mesmo a chave do conhecimento de Deus." (CG, Out 1994). Quão abençoados somos por termos a autoridade de Deus restaurada na terra.
    O Senhor deixou claro: "E esse sacerdócio maior administra o evangelho e contém a chave dos mistérios do reino, sim, a chave do conhecimento de Deus. Portanto, em suas ordenanças manifesta-se o poder da divindade. E sem suas ordenanças e a autoridade do sacerdócio, o poder da divindade não se manifesta aos homens na carne;" (D&C 84:19-21). Nossa reponsabilidade é receber tudo o que Deus nos oferece, "Pois ao que recebe será dado mais abundantemente, sim, poder." (D&C 71:6). Esse poder somente se recebe por meio de ordenanças e por meio dos convênios realizados no templo. Ao ver nossos dias, Néfi descreveu a manifestação desse poder: "Eu, Néfi, vi o poder do Cordeiro de Deus que descia sobre os santos da igreja do Cordeiro e sobre o povo do convênio do Senhor, que estava disperso sobre toda a face da Terra; e estavam armados com retidão e com o poder de Deus, em grande glória" (1 Néfi 14:14).
    O Senhor ensinou uma importante lição ao povo de Judá na época em que exércitos numerosos marchavam em direção ao rei Jeosafá. Ele ordenou que todo o povo jejuasse e ao se reunir com seu povo, ofereceu uma oração: "Ah! nosso Deus, (...) em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em ti" O Senhor então respondeu por meio do profeta Jaaziel: “Dai ouvidos todo o Judá, e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Jeosafá; assim o Senhor vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão; pois a peleja não é vossa, mas de Deus (...). Não temais, nem vos assusteis; (...) porque o Senhor será convosco.” (2 Crônicas 20:12,15,17)
Como aconteceu com o povo de Judá, nossa vida está nas mãos do Senhor, nossa vida eterna: "(...) Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e prosperareis" (2 Crônicas 20:20).  O Elder Bruce R. McConkie disse que o profeta é "o único homem na Terra hoje em dia que pode tanto possuir as chaves do reino como usá-las em sua plenitude (D&C 132:7). Pela autoridade investida nele, todas as ordenanças do evangelho são realizadas, todo o ensino das verdades de salvação é autorizado; e, por meio das chaves que ele possui, a própria salvação é colocada à disposição dos homens de sua época" (Mormon Doctrine, 2ª ed., 1966, pp. 591–592). O Presidente Harold B. Lee ensinou : "Prestem atenção àquele que o Senhor chamou e, sendo que me encontro nessa posição, digo-lhes que vocês não precisam se preocupar com o fato de o Presidente da Igreja desviar o povo, porque o Senhor o removeria de seu lugar antes de permitir que isso aconteça" (The Teachings of Harold B. Lee [Os Ensinamentos de Harold B. Lee], ed. Clyde J. Williams, 1996, p. 533).
    Sei que a medida que ouvimos os profetas vivos, estaremos caminhando rumo a nossa salvação. É dessa forma que o Senhor escolheu, que seriamos edificados "sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;" (Efésios 2:20). Porque Deus chamou profetas e os edificou para Sua igreja, temos a autorização Dele para efetuar ordenanças que nos levam à salvação e exaltação em Seu reino. Temos a autorização de levar a diante Seu evangelho que é, segundo Paulo, "o poder de Deus para salvação a todo aquele que crê" (Romanos 1:16). E por causa dessa autoridade restaurada na terra, todos temos acesso ao poder da divindade, todos podemos desfrutar de dons do Espírito. As chaves da expiação foram restauradas e podemos receber o perdão de nossos pecados e abençoar aqueles que estão além do véu. Esse é um evangelho de alegria. Graças damos a Deus por ter enviado Seu Filho e por Sua infinita bondade e misericórdia, por ter revelado Seu santo braço e estendido Sua mão para que participemos de Sua salvação. "Ele nada faz que não seja em benefício do mundo (...)porque ele faz o que é bom para os filhos dos homens (...) e convida todos a virem a ele e a participarem de sua bondade" (2 Néfi 26:24,33).

(Walk with me - Greg Olsen)

    

"Põe Tua Confiança Naquele Espírito Que Leva a Fazer o Bem"

    “E agora, em verdade, em verdade eu te digo: Põe tua confiança naquele Espírito que leva a fazer o bem — sim, a agir justamente, a andar em humildade, a julgar com retidão; e esse é o meu Espírito” (D&C 11:12).

    O profeta Néfi, no Livro de Mórmon, teve várias experiências com o Espírito Santo e é um exemplo na forma de como confiava nele. No início de seu livro, Néfi sai de Jerusalém para o deserto porque seu pai, Leí, diz ter tido uma visão e o Senhor havia ordenado que ele e sua família deveriam partir para o deserto porque a grande cidade de Jerusalém seria destruída. Depois de vagarem por vários dias, armaram as tendas no deserto e por lá ficaram. Néfi decide então inquirir ao Senhor a respeito da revelação do pai de deixar a terra natal.
"E aconteceu que eu, Néfi, sendo muito jovem, embora de grande estatura, e tendo também grande desejo de saber dos mistérios de Deus, clamei, portanto, ao Senhor; e eis que ele me visitou e enterneceu meu coração, de maneira que acreditei em todas as palavras que meu pai dissera(...)" (1 Néfi 2:16).

Mais alguns versículos adiante, o Senhor explica a Néfi como ele recebeu a resposta. No versículo 19, lemos: "E aconteceu que o Senhor me falou, dizendo: Bendito és tu, Néfi, por causa de tua fé, porque me procuraste diligentemente, com humildade de coração."

    O que aprendo com esses versículos é o que eu chamo de passos para se receber revelação:

• Néfi tinha o DESEJO de saber, ele queria uma resposta do Senhor.
• Ele buscou o Senhor com FÉ, sabendo que receberia uma resposta.
• Ele procurou o Senhor de forma INCESSANTE. Era algo em que ele pensava muito. Ele orava sempre por isso, até receber uma resposta.
• Néfi era HUMILDE em reconhecer que não sabia de todas as coisas, mas confiava em um Deus que era e é onisciente.

    O resultado final foi essa interessante frase do profeta: "eis que ele me visitou e enterneceu meu coração". A escritura é clara, O Espírito do Senhor (também conhecido como Espírito Santo) enterneceu o coração de Néfi, ou seja, o Espírito Santo tocou o coração dele. 

    Mais tarde, Néfi aprende mais sobre os papéis desse Espírito:

• "é o dom concedido por Deus a todos os que o procuram diligentemente," (1 Néfi 10:17)
• "Pois aquele que procurar diligentemente, achará; e os mistérios de Deus ser-lhe-ão desvendados pelo poder do Espírito Santo(...)" (1 Néfi 10:19)
• "E o Espírito Santo dá-me autoridade para proclamar" (1 Néfi 10:22) 

    O Elder Russell M. Nelson declarou: "O cumprimento dos padrões do Senhor exige que cultivemos o dom do Espírito Santo. Esse dom nos ajuda a compreender a doutrina e a aplicá-la em nossa vida pessoal. Como a verdade dada por revelação só pode ser compreendida por revelação, temos que estudar em espírito de oração” (Conference Report, outubro de 2000, p. 19)"

Reparem que ele declara que a revelação SÓ pode ser compreendida por revelação. Por isso na conferência geral quando o profeta fala, eu decido tomar um rumo na minha vida, você decide tomar outro, o vizinho outro... Porque o Espírito Santo nos ensina como aplicar o que foi ensinado de forma individual e pessoal. Assistimos a conferência em Espírito de oração porque só podemos receber revelação dessa forma. Caso contrário, só achamos beleza nas palavras que foram proferidas.

    Voltando para a história de Néfi, ele agora quer saber o que o pai dele viu em visão no capítulo 8. Essas são as palavras no início do capítulo 11: "Pois aconteceu que depois de haver eu desejado saber as coisas que meu pai tinha visto e acreditando que o Senhor teria poder de torná-las conhecidas a mim, enquanto estava eu sentado, ponderando em meu coração, fui arrebatado pelo Espírito do Senhor (...)"

Vocês vão reparar nesse capítulo até o capítulo 14, a palavra de comando "Olha" é mencionada 13 vezes. É um elemento fundamental no processo de aprendizagem de Néfi que foi obediente aos sussurros do Espírito e sempre olhou e viu algo. Porque Néfi confiou no Espírito e obedeceu aos Seus sussurros ele viu a árvore da vida (1 Néfi 11:8), a mãe do Salvador (vers. 20), a barra de ferro (vers. 25) e o Salvador do mundo (vers. 21) e tantas outras coisas mais.

    Da mesma forma o Espírito vai nos ensinar sobre o Salvador, sobre as escrituras, sobre a Deidade... se confiarmos nele. Ao seguirmos os sussuros do Espírito de Deus, aprenderemos mais sobre nosso caráter espiritual e saberemos o que Deus quer que façamos. É importante salientar que o Espírito sussurra. O Elder David A. Bednar ensinou sobre isso: "O Espírito do Senhor geralmente Se comunica conosco de maneira suave, delicada e sutil. (…) O padrão é claro. Se algo em que pensamos, algo que vemos, ouvimos ou fazemos nos afasta do Espírito Santo, devemos parar de pensar, ver, ouvir ou fazer esse algo. Se aquilo que tem o objetivo de nos divertir, por exemplo, nos aliena do Espírito Santo, é porque com certeza esse tipo de diversão não nos serve. Uma vez que o Espírito não pode tolerar a vulgaridade, a rudeza ou a falta de recato, então, sem dúvida, tais coisas não são para nós. Se afastamos o Espírito do Senhor quando fazemos o que sabemos ser ruim, então, tais coisas não são mesmo para nós” (Conference Report, abril de 2006, p. 29–30)

    "Quando eu era bispo, preocupava-me com os membros menos ativos que não frequentavam as reuniões e não serviam na Igreja. Estava pensando nisso quando entrei na rua em que Ben e Emily moravam. Era um casal idoso, no fim da vida. As dores da idade fizeram com que deixassem de ser ativos e procurassem o abrigo do lar. Estavam isolados, separados e desligados das atividades diárias e da convivência com outras pessoas. Senti a inconfundível inspiração de parar o carro e fazer uma visita a Ben e Emily, apesar de estar a caminho de uma reunião. Era uma tarde ensolarada de um dia de semana. Cheguei até a porta e bati. Fui atendido por Emily. Quando ela me reconheceu, seu bispo, exclamou: “Estive esperando o dia inteiro que o telefone tocasse. Não tocou. Esperei que o carteiro me trouxesse uma carta, mas ele trouxe-me apenas contas. Bispo, como sabia que hoje era meu aniversário?” Respondi: “Deus sabia, Emily, pois Ele a ama”. Na tranquilidade de sua sala de estar, disse a Ben e Emily: “Não sei por que fui inspirado a visitá-los hoje, mas nosso Pai Celestial sabe o motivo. Vamos ajoelhar-nos em oração e perguntar-Lhe a razão”. Ajoelhamo-nos e recebemos a resposta. Emily recebeu a designação de participar do coro e até mesmo cantar um solo na conferência da ala que seria realizada em breve. Ben recebeu a designação de falar aos rapazes do Sacerdócio Aarônico sobre uma experiência especial de sua vida, na qual foi salvo por atender aos sussurros do Espírito. Eles cumpriram suas designações. As pessoas ficaram contentes por Ben e Emily terem voltado à atividade. Quase nunca faltaram a uma reunião sacramental a partir desse dia até virem a falecer. A língua do Espírito foi falada, ouvida e compreendida. Os corações foram tocados e vidas foram salvas." (Thomas S. Monson, Liahona jun. 1997 - "O Espírito Vivifica", p. 2). Esse é o Espírito que nos leva a fazer o bem, a ser melhor e a buscar a Deus.
    Muitas pessoas perguntam sobre como saber se "o que estou fazendo é inspirado pelo Espírito ou se é alguma coisa da minha cabeça?" Em resposta à pergunta “Como posso reconhecer os sussurros do Espírito?” o Presidente Gordon B. Hinckley leu Morôni 7:13, 16–17 e disse: “Este é essencialmente o teste: Ele persuade a pessoa a fazer o bem, a elevar-se, a erguer-se bem alto, a fazer a coisa certa, a ser gentil, a ser generosa? Então é o Espírito de Deus. (...) Se nos convida a fazer o bem, é de Deus. Se nos convida a fazer o mal, é do diabo. (...) E se você estiver fazendo a coisa certa e estiver vivendo da maneira correta, saberá em seu coração o que o Espírito está lhe dizendo. Você reconhece os sussurros do Espírito pelos frutos do Espírito — tudo que ilumina, que edifica, que é positivo, afirmativo e inspirador, que nos leva a ter melhores pensamentos, palavras e ações é do Espírito de Deus”. (Teachings of Gordon B. Hinckley, pp. 260–261)
    Os profetas tem ensinado sobre a importância de se receber revelações de forma constante, até diária, em nossas vidas. O profeta Joseph Smith ensinou que "A salvação não pode vir sem revelação; é inútil alguém ministrar sem ela". (History of the Church, vol. 3, p. 389). Em seu discurso na conferencia geral, o presidente Russel M. Nelson disse: "nos dias que estão por vir, não será possível sobreviver espiritualmente sem a orientação, a direção, o consolo e a influência constante do Espírito Santo. Meus amados irmãos e irmãs, imploro para que aumentem sua capacidade espiritual de receber revelações." (CG, Abril 2018 - Revelação para a Igreja, Revelação para Nossos Dias).
    Sei que a medida que buscarmos revelação para nossas vidas sentiremos mais o amor de Deus e Sua preocupação para conosco. Além disso, aprenderemos que não basta somente deixar de fazer o mal, temos que fazer o bem. "Os homens devem ocupar-se zelosamente numa boa causa e fazer muitas coisas de sua livre e espontânea vontade e realizar muita retidão. Pois neles está o poder e nisso são seus próprios árbitros. E se os homens fizerem o bem, de modo algum perderão sua recompensa." (Doutrina e Convênios 58:27-28, negrito adicionado).

Reacender a Chama da Fé

 
    Eu estava me perguntando sobre que tema escrever e li algumas coisas sobre esse assunto. Espero que esse post ajude a entender a real necessidade de manter acesa essa chama. Vocês que estão lendo agora talvez tenham essa pergunta: "como manter acesa essa chama?" ou sentem no coração: "sinto que minha fé tem diminuído", "não estou próximo o suficiente do Pai Celestial" até mesmo um: "minha fé
NUNCA será mais a mesma". Por diversas razões podemos nos sentir assim, mas meu intuito não é abordar todas as situações e razões que nos levam a sentirmos dessa forma. O propósito é ajudar a compreender como fazer essa chama brilhar novamente.
    O que é fé? O Apóstolo Paulo ensinou que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hebreus 11:1). Alma fez uma afirmação semelhante: “Se tendes fé, tendes esperança nas coisas que se não vêem e que são verdadeiras” (Alma 32:21). A fé é um princípio de ação e poder, necessariamente nessa ordem. O Elder Neil L. Andersen disse: "A fé em Jesus Cristo é uma dádiva que recebemos do céu quando escolhemos acreditar, quando a buscamos e quando nos apegamos a ela."
    O Salvador ensinou em João 7:17 que quando cumprimos um mandamento, aprendemos por experiência própria que ele é verdadeiro, mas esse processo de "experimentar" um mandamento é chamado de fé. Quando cumprimos um mandamento, o Espírito Santo testifica que o mandamento vem de Deus e você já não tem mais fé, você tem conhecimento perfeito (Alma 32:33-34). O Elder Richard G. Scott disse: “Você pode aprender a utilizar a fé de modo mais eficaz colocando em prática este princípio ensinado por Morôni: ‘Fé são coisas que se esperam, mas não se veem; portanto, não disputeis porque não vedes, porque não recebeis testemunho senão depois da prova de vossa fé’ [Éter 12:6; grifo do autor]. Portanto, toda vez que você provar sua fé, ou seja, agir retamente seguindo uma inspiração, você receberá a evidência confirmadora do Espírito. Esses sentimentos fortificarão sua fé. À medida que você for repetindo esse padrão, sua fé se tornará mais forte” (Conference Report, abril de 2003, p. 79).
    A fé emite uma luz espiritual (Alma 32:35). Você já viu pessoas que parecem ter essa "luz", pessoas que você sabe que vivem a vida de uma forma diferente. Jesus Cristo disse: "fazei brilhar vossa luz diante deste povo de tal forma que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está no céu."(3 Néfi 12:16). Ele ainda complementa: "Em verdade, em verdade vos digo que eu vos concedo serdes a luz deste povo."(3 Néfi 12:14). A medida que vivemos uma vida centralizada em Cristo, estamos exercendo fé nos ensinamentos do Salvador e Ele "concede" que essa luz brilhe para que as pessoas vejam Seu poder.
    Nossa fé está se fortalecendo ou se tornando mais fraca. Ela nunca está em um ponto estagnada, ou ela aumenta ou diminui. O futuro de nossa fé só depende de nós. A oração, a obediência, a honestidade, a pureza de pensamentos e ações fazem com que a fé aumente. Sem isso, nossa fé é diminuída e enfraquecida. O Salvador deu uma advertência a Pedro: "Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça (...)" (Lucas 22:31-32). Uma forte e firme confiança em Jesus Cristo vai impedir que "Satanás [nos] cirande como trigo".
    "A fé em Cristo conduz à ação. Ela conduz ao arrependimento sincero e duradouro. Ter fé faz com que procuremos esforçar-nos arduamente para aprender a sermos mais semelhantes a nosso Salvador. Desejamos aprender Seus mandamentos e obedecer a eles. Mesmo que ainda cometamos erros, mostramos nosso amor por Ele esforçando-nos para cumprir Seus mandamentos e afastar-nos do pecado" (Pregar Meu Evangelho, pg. 62, itálico adicionado). Aproximar-se de Cristo significa arrepender-se. Nossa fé aumenta quando nos arrependemos.
    "De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Deus" (Romanos 10:17). Nosso Pai Celestial nos deu profetas. Eles falam pelo poder do Espírito Santo e tudo o que disserem "será escritura, será a vontade do Senhor, será a mente do Senhor, será a palavra do Senhor, será a voz do Senhor e o poder de Deus para a salvação." (Doutrina e Convênios 68:4). Ao exercer fé colocando em prática os ensinamentos e conselhos dos profetas vivos, recebemos poder e proteção dos céus.
     "E eis que sabeis por vós mesmos, porque o haveis testemunhado, que todos os que são levados a conhecer a verdade (...) são levados a acreditar nas santas escrituras, sim, nas profecias dos santos profetas que estão escritas, que os conduzem à fé no Senhor e ao arrependimento, fé e arrependimento que lhes transformam o coração —Portanto, sabeis que todos os que chegaram a isto são firmes e inquebrantáveis na fé e naquilo que os fez livres" (Helamã 15:7-8, itálico adicionado). Ao exercer fé colocando em prática os ensinamentos e conselhos encontrados nas escrituras, recebemos poder e proteção dos céus.
    O Presidente Joseph Fielding Smith (1876–1972) ensinou: “Se quisermos uma fé viva, permanente, devemos ser ativos na execução de todo dever como membros desta Igreja” [Doutrinas de Salvação, comp. por Bruce R. McConkie, 3 vols., 1994, vol. II, p. 307). O Élder Joseph B. Wirthlin (1917–2008), do Quórum dos Doze Apóstolos, ensinou algo semelhante: “A fé existe quando a confiança absoluta naquilo que não podemos ver se une a uma ação absolutamente condizente com a vontade do Pai Celestial. Sem essas três — primeiro, a confiança absoluta; segundo, a ação e terceiro, a absoluta conformidade — sem essas três coisas, temos um pobre substituto, uma fé fraca e hesitante” (A Liahona, novembro de 2002, p. 82).
    Enquanto Josué se preparava para a travessia do Jordão, o Senhor disse que as águas se dividiriam. Ao chegarem perto do rio, as águas do Jordão não se abriram. Os sacerdotes que carregavam a arca da aliança fizeram prova de sua fé e agiram. Quando eles "se molharam na borda das águas, pararam-se as águas que vinham de cima (...) então passou o povo defronte de Jericó." (Josué 3:15-16). Fazer prova de nossa fé implica em milagres.
    Outros profetas também sentiram-se pequenos diante das tarefas descomunais que às vezes recebiam do Senhor. Moisés sentiu-se inadequado quando foi chamado para liderar os filhos de Israel (Êxodo 4:1–5). Enoque achava que era ‘lento no falar’ e perguntou por que o Senhor o chamara (Moisés 6:31). Néfi poderia ter-se sentido sobrecarregado diante da ideia de construir uma embarcação capaz de cruzar o oceano. Em vez disso, sua resposta é uma demonstração de grande fé: "Senhor, aonde irei a fim de encontrar minério para fundir e fazer ferramentas, com o fito de construir o navio (…) ?" (1 Néfi 17:9). É improvável que a confiança de Néfi viesse de qualquer experiência anterior com construção de navios. Sua confiança veio, sim, de uma tremenda fé em Deus.
    Não importa quão distantes do Salvador nós estejamos, ao voltarmos para Ele, Ele vai nos curar, Ele vai nos consolar, vai nos amparar e dar respostas as nossas orações. Ao escolhermos nos voltar para Ele, nossa fé começará a aumentar novamente, nossa vida melhorará e sentiremos o amor de Deus. O presidente Gordon B. Hinckley declarou: "Vivemos em um mundo de incertezas. Para uns, haverá grandes realizações. Para outros, decepções. Para alguns, muita alegria, felicidade, boa saúde e um viver tranquilo. Para outros, quem sabe, a doença e algumas tristezas. Nós não sabemos. Mas uma coisa é certa: assim como brilha a estrela polar no céu, independentemente do que o futuro nos reserva, lá permanece o Redentor do mundo, o Filho de Deus, firme e seguro como a âncora de nossa vida imortal. Ele é a rocha de nossa salvação, nossa força, nosso consolo, o centro de nossa fé" (“Voltarmo-nos para Cristo”, A Liahona, julho de 2002, p. 101).
    Para encerrar, quero deixar uma ultima citação do Elder Andersen e prestar meu testemunho. "Embora a chama inicial da fé possa ser pequena, escolhas justas trazem maior confiança em Deus e nossa fé cresce. As dificuldades da mortalidade sopram contra nós e as forças do mal espreitam na escuridão, na esperança de apagar nossa fé. Mas, ao continuar fazendo boas escolhas, confiar em Deus e seguir Seu Filho, o Senhor nos envia mais luz e conhecimento, e nossa fé torna-se firme e inabalável. O Presidente Thomas S. Monson disse: “Não temam. (…) O futuro é tão brilhante quanto sua fé” (A Fé Não É Obra do Acaso, É uma Escolha, CG Outubro 2015). Eu sei que o Senhor confia em nós, Ele sabe que podemos fazer melhores escolhas e tomar melhores decisões em nossas vidas. Ele nos concedeu o arbítrio e quer que usemos o arbítrio pra nos achegarmos a Ele. Uma vez que isso aconteça, nossa vida será transformada por seu poder. Sei que Deus nos ama e é através da fé Nele que voltaremos ao nosso lar celestial para com Ele habitar.

O Poder de Cura do Salvador

    

    No Jardim do Éden o Senhor ordenou: "De toda árvore do jardim podes comer livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; não obstante, podes escolher segundo a tua vontade, porque te é dado; mas lembra-te de que eu o proíbo, porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." (Moisés 3:16-17). Porque Adão e Eva comeram do fruto, foram expulsos da presença de Deus. Em outras palavras, eles experienciaram a morte espiritual e, também, se tornaram sujeitos à morte física. Esse acontecimento é chamado de Queda.
    Por causa da Queda, nos defrontamos com um conflito pessoal. Somos filhos espirituais de Deus com potencial de nos tornarmos "participantes da natureza divina" (1 Pedro 1:4). No entanto, "somos indignos diante de [Deus]; por causa da queda, nossa natureza tornou-se má continuamente;" (Éter 3:2)
Sendo assim parte do plano de Deus, estamos aqui pra aprender com nossas escolhas. Cada um de nós peca, e como Paulo diz "destituídos [estamos] da glória de Deus;" (Romanos 3:23).
    Ainda assim, encontramos consolo nos versos seguintes: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus; Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstração da sua justiça, pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;" (Romanos 3:24-25)
    Séculos depois, um testemunho foi prestado sobre esse evento. O Profeta Joseph Smith disse: "Ele veio ao mundo, sim, Jesus, para ser crucificado pelo mundo e para tomar sobre si os pecados do mundo e para santificar o mundo e purificá-lo de toda iniquidade; Para que, por intermédio dele, fossem salvos todos" (Doutrina e Convênios 76:41-42).
    Ao pagar por nossos pecados, o Salvador nos proporcionou um meio de voltarmos à presença de Deus. Porque Ele pagou por nossos pecados, Ele pode Se virar para nós e dizer: "Segue-me", "Guarda meus mandamentos". É um preço muito pequeno para retribuir a oferta que foi feita pra saldar a dívida de nossa alma. Ele tinha todas as razões para desistir, mas não o fez. Ele disse: "Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam; Mas se não se arrependerem, terão que sofrer assim como eu sofri; Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito — e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar"(Doutrina e Convênios 19:16-18)
    Nossa jornada na mortalidade é uma jornada de aprendizado. Nosso Pai Celestial sabia que iríamos errar e que precisaríamos de ajuda. Ele nos deu profetas (Mosias 15:11), as escrituras (João 5:39), a oração (Doutrina e Convênios 10:5), pais, amigos, líderes e tantas coisas mais para que pudéssemos ter o suporte e orientação necessárias para escolhermos o certo. Mesmo assim, erramos, caímos e pecamos tantas vezes e de inúmeras formas que parece não haver um fim.
    O sentimento da culpa existe para que ocorra mudança. Essa culpa que sentimos quando tomamos uma decisão errada que nos levou a pecar pode parecer impossível de carregar algumas vezes. Todos nós já sentimos isso ao nos depararmos com certas situações. Pensamentos como: "não vou conseguir passar por isto" ou "não sou forte o suficiente pra vencer esse desafio" ou "é melhor me acostumar com essa culpa" são coisas que podem vir à mente quando tentamos abandonar nossos erros.
    O Senhor permite que soframos para que possamos aprender com isso. O Elder Dallin H. Oaks disse: "O pecador arrependido deve sofrer por seus pecados, mas esse sofrimento tem um propósito diferente de punição ou pagamento. Seu propósito é mudança"(The Lord's Way [1991], 223; itálico em original, tradução livre). Tal mudança é necessária para se achegar a Deus. O Rei Benjamim, em seu grande e último discurso no Livro de Mórmon, ensinou que o homem natural sempre será inimigo de Deus a menos que "ceda ao influxo do Santo Espírito"(Mosias 3:19) e mude, ou seja, se torne algo diferente do que era antes: mais humilde, mais manso, mais cheio de amor, mais paciente etc.
    O Elder Orson F. Whitney disse: "arrependimento não é aquele sofrimento superficial sentido pelo transgressor quando "pego no ato"- um sofrimento não pelo pecado, mas porque o pecado foi descoberto. Pesar não é arrependimento. Mortificação e vergonha por si só não trazem uma mudança de coração para um sentimento certo e uma vida correta. Mesmo o remorso não é tudo o que existe para o arrependimento. Em um sentimento mais elevado e uma medida mais completa, arrependimento é o equivalente a reforma; o início de um processo reformatório começa com a determinação de "não mais pecar" [Roy W. Doxey, Latter-day Prophets and the Doctrine and Covenants (Salt Lake City: Deseret Book Company, 1964). II: 257, tradução livre]
    Para que o arrependimento seja verdadeiro, é necessário que haja confissão do erro cometido. O Senhor disse: "Desta maneira sabereis se um homem se arrepende de seus pecados — eis que ele os confessará e abandonará."(Doutrina e Convênios 58:43) "Sim, e tantas vezes quantas o meu povo se arrepender, perdoá-lo-ei de suas ofensas contra mim."(Mosias 26:30). Que conforto encontramos nas palavras do Salvador a Alma! Não importa quantas vezes tenhamos errado, "o braço [Dele] está estendido o dia todo" (2 Néfi 28:32).
    Gosto das palavras de Paulo que estão no início do capítulo 7 de 2 Corintios: "Ora, amados, sendo que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." Ou seja, já que temos tantas promessas e testemunhos, por que não escolher abandonar aquilo que nos torna cativos pelo diabo? Todas as vezes que persistimos no pecado "o diabo ri e seus anjos se regozijam" (3 Néfi 9:2).
    Que possamos suplicar ao Senhor por nossas almas, assim como Néfi fez: "Desperta, minha alma! Não te deixes abater pelo pecado. Regozija-te, ó meu coração, e não dês mais lugar ao inimigo de minha alma." (2 Néfi 4:28).
    Para melhor citar alguns dos passos do arrependimento, vou enumerá-los :

1. Reconhecer o pecado.
2. Sentir tristeza por tê-lo praticado.
3. Abandoná-lo.
4. Confessá-lo.
5. Fazer a devida compensação; Restituir.
6. Perdoar os outros.
7. Reconhecer O Salvador.
8. Guardar os Mandamentos de Deus.

    Quando, finalmente, o processo de arrependimento é concluído, o pecador pode sentir o alivio e a paz provenientes da expiação de Jesus Cristo. Seu sacrifício é o que torna possível, ao pecador arrependido, receber a remissão dos pecados.
ALMA 34:

• Porque é necessário que haja um grande e último sacrifício um sacrifício infinito e eterno. (vers.10)
• nada pode haver, a não ser uma expiação infinita, que seja suficiente para os pecados do mundo.(vers.12)
• e aquele grande e último sacrifício será o Filho de Deus, sim, infinito e eterno.(vers.14)
• E assim ele trará salvação a todos os que acreditarem em seu nome, sendo a finalidade deste último sacrifício manifestar as entranhas da misericórdia, a qual sobrepuja a justiça e proporciona aos homens meios para que tenham fé para o arrependimento.(vers.15)

    Quanta fé eu preciso para que a expiação de Cristo atue em mim? O Elder Robert E. Wells respondeu a essa pergunta: "Em outras palavras, de quanta fé eu preciso para ser salvo? No livro de Alma (…) encontramos a resposta. O profeta Amuleque ensinou este princípio simples mas grandioso: ‘O Filho de Deus (…) proporciona aos homens meios para que tenham fé para o arrependimento’ (...) Então é de vital importância combinar a fé em Cristo e a fé para o arrependimento. Esse conceito é uma das ideias mais esclarecedoras quanto a importância de se ter uma fé simples e clara — fé suficiente para arrependermo-nos. Parece que não é preciso ter fé suficiente para mover montanhas, nem para falar em línguas nem para curar os enfermos; tudo o que precisamos é de fé suficiente para reconhecer que pecamos e para arrependermo-nos de nossos pecados, para sentir remorso por eles e ter o desejo de não pecar mais e de, em vez disso, agradar a Cristo, o Senhor. Então, o maior de todos os milagres, a Expiação, pela qual Cristo nos resgata do castigo merecido, age em nosso benefício". [“The Liahona Triad,” em Bruce A. Van Orden and Brent L. Top (org.), Doctrines of the Book of Mormon: The 1991 Sperry Symposium, 1992, pp. 6–7).    

    Amuleque segue ensinando que a misericórdia vai satisfazer as exigências da justiça e estaremos seguros. Cristo irá "[envolver-nos] nos braços da segurança" (Alma 34:16). A expiação do Salvador tem poder pra apagar qualquer erro, remover qualquer mancha e restituir qualquer relacionamento. O Presidente Boyd K. Packer ensinou: "A Expiação não deixa rastro algum nem vestígio. Aquilo que ela corrige é corrigido. (…) Ela simplesmente cura, e aquilo que foi curado permanece curado (...) A Expiação, que pode resgatar cada um de nós, não deixa cicatriz. Isso significa que não importa o que fizemos, onde estivemos, ou como algo aconteceu, se nos arrependermos sinceramente, [o Salvador] nos prometeu que o preço seria pago. E quando Ele expiou, isso foi resolvido. (…) A Expiação (…) pode purificar todas as manchas, não importa quão difícil seja ou quanto tempo leve ou quantas vezes for necessário".(Dale G. Renlund, CG Out 2016, Arrependimento: Uma Escolha Feliz).

    Ao encerrar, presto meu testemunho da veracidade dessas coisas. O poder do Salvador pode curar qualquer dano físico ou espiritual, pode reparar qualquer erro, consolar qualquer coração aflito e prover paz duradoura nesse mundo e no mundo vindouro. É por causa do infante de Belém que podemos voltar em segurança ao nosso eterno lar. Que possamos, assim como Leí, dizer: "eis que o Senhor redimiu a minha alma do inferno; eu contemplei a sua glória e estarei eternamente envolvido pelos braços de seu amor" (2 Néfi 1:15)

"Não há pecado ou transgressão, dor ou pesar, que esteja fora do alcance do poder de cura de Sua Expiação."
(C.Scott Grow)